quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Pablo Nerruda



Soneto de Amor

Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio-dia
como uma flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e os ladrilhos,
sem essa luz que levas na mão
que talvez outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube
que crescia como a origem rubra da rosa,
sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca,
incitante, conhecer minha vida,
aragem de roseira, trigo do vento,
e desde então sou porque tu é,
e desde então é,
sou e somos e por amor serei,
serás, seremos.

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